sexta-feira, outubro 17

Na escola e sobre a escola
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Hoje, mas estou certo que não só, a escola é um desafio. Para os professores e alunos em primeiro lugar, mas também paras os pais, para a comunidade, apesar de não parecer nem se sentir como tal, para os políticos.

Um desafio aliciante, mas extenuante.
Gosto, como já aqui escrevi várias vezes, de viver e sentir a escola. De a viver e a promover como um espaço de cidadania, liberdade e de construção das autonomias.

Mas a escola não é isso e, algumas das vezes, como agora, sinto que a escola não pode ser isso.

Procuro desenvolver metodologias e estratégias que apelam à participação e envolvimento do aluno, dos seus interesses, dos seus conhecimentos, da sua (ainda que pouca) experiência.

Mas os desinteressados, os alheados da escola, aqueles que mais dela necessitariam, os que colocam maiores desafios, são aqueles que recebem qualquer orientação com agressividade, pré-conceitos, antecipadamente morta, rejeitada e, se possível, enterrada.

Há momentos, há dias, estou certo, que um professor sente que não cumpriu o seu dever, que deixou, por impaciência, intolerância, cansaço, desgaste ou qualquer outra razão, deixou, dizia, pessoas para trás, sentiu que com elas colaborou no seu alheamento e distanciamento. Na sua indiferença e descrença perante a escola.

Procuro construir fichas de actividade, dinamizar acções com o aluno, individualmente considerado (imaginem com perto de 100 alunos), ir ao encontro do seu interesse, tento determinar os seus interesses, incutir um gosto pelo gosto de ter dúvidas, colocar questões, levantar, de modo coerente, problemas.

Mas o que acabo por encontrar mais não é que indiferença, desgaste e alheamento.

Do aluno que não reconhece utilidade à escola, pelos valores que veicula, pelo que encontra no vizinho e na TV, pelos professores que desligam, desgastados com o trabalho, com a indiferença, com a rudeza das pessoas. Com a desorganização das escolas enquanto espaços de trabalho, pela falta de funcionários, de orientadores, de equipas de integração, pela falta de projectos e de ideias, pelo atavismo dos políticos, pela descrença das pessoas.

e chega, pois hoje, final de semana, sinto-me claramente esgotado, algo melindrado com a incapacidade de chegar aos gaiatos.

Tenho que tentar de outro modo, com outras estratégias.

Não posso desistir de tentar. Ou posso??????